Infecções por HIV crescem 22,7% no Pará
O Pará já registrou 193 casos novos de infecção por HIV em adultos, este ano, segundo balanço da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) feito até o dia 8 de junho, e os números apontam alta crescente desde 2012, com um total de 5.465 casos investigados. Os dados acompanham os registros de novas infecções em algumas regiões do mundo, com destaque para o Brasil, que responde por 40% de todos os novos casos na América Latina e no Caribe e por 41% de todos os novos casos registrados em sete nações latino-americanas: Argentina, Venezuela, Colômbia, Cuba, Guatemala, México e Peru.
Os dados revelam, ainda, que em 2010 o Brasil registrava 43 mil novas infecções por HIV entre adultos, contra 44 mil novos casos identificados em 2015. De acordo com a coordenadora estadual de DST/Aids, Deborah Crespo, em 2012, o Pará registrou 900 casos da doença. Em 2013, o número subiu para 1.182. Em 2014, os registros saltaram para 1.348. E em 2015, foram registrados 1.654. Isso significa que houve um aumento de 22,7% no número de casos, entre 2014 e 2015.
Os números da Sespa, obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan Net) do Ministério da Saúde, revelam, ainda, que 5.278 do total de casos verificados nesse período acometem pessoas com idade entre 18 e 65 anos. Do total de 5.465 registrados nos últimos cinco anos, os dez municípios que mais se destacam no Estado são Belém, com 998 casos – sendo 687 entre os homens e 311 entre as mulheres -, Ananindeua (514), Santarém (474), Parauapebas (270), Castanhal (255), Marabá (178), Redenção (149), Marituba (137), Paragominas (125) e Itaituba (122).
Para Deborah Crespo, o aumento dos casos no Brasil e no Pará possui algumas explicações. “No País, antes de 2014, a preocupação era notificar quem tinha aids e não necessariamente quem estava com o HIV. Mas a notificação se ampliou para o HIV, para que a pessoa que tenha o vírus receba logo tratamento, porque os avanços nos estudos do vírus mostraram que, quanto mais cedo tratá-lo, ocorre o bloqueio no desenvolvimento de modo a não atingir o sistema imunológico da pessoa”, explicou.
Ela ressaltou também a ampliação no acesso ao diagnóstico, uma vez que com a descentralização dos testes rápidos muitas pessoas obtiveram melhor esclarecimento sobre a doença. “A aids não é mais uma sentença de morte. Essa realidade hoje pode ser transformada. Mas temos que continuar alertando a população da importância de as pessoas se prevenirem usando preservativos, porque a forma de exposição ainda mais frequente no Pará é a transmissão sexual, disse ela. Débora explicou ainda que houve redução nos casos de transmissão vertical – da mãe para o bebê -, por meio da Rede Cegonha.
Hoje 8.642 pessoas são usuárias de medicamento para HIV em todo Pará. Destes, 8.485 são adultos e 137 crianças. No Estado, os serviços disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para testagem e tratamento estão aos poucos sendo descentralizados da capital. Ao todo, há 21 serviços de tratamento, quatro deles em Belém, além de 74 postos de testagem. A lista das unidades está disponível no site aids.saude.pa.gov.br, no item “Rede de Serviços”, no qual o internauta pode acessar os endereços dos Centros de Testagem e Aconselhamento e dos Serviços de Atendimento Especializado.
Reportagem: O Liberal