INCRA é pressionado por Sem Terra
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloquearam por toda manhã da última quinta-feira (20) a rodovia PA-275 no trecho entre os municípios de Parauapebas e Curionópolis, bem em frente ao acampamento Frei Henri De Roisieres, na fazenda “Fezendinha”. Eles querem que seja cumprido a reintegração de posse da área, em favor da União, para que o Incra agilize o processo de criação do assentamento que vai receber as 121 famílias que estão no local desde 2010.
No dia 5 deste mês, a Polícia Federal (PF) e o Incra estiveram na fazenda dando cumprimento ao mandado de reintegração de posse em favor da União. O fazendeiro, que diz estar de posse da terra há mais de 20 anos, foi notificado e informado de que tem de desocupar a área.
No entanto, os demais fazendeiros da área se unirão em solidariedade e montaram acampamento no local, enquanto os advogados do fazendeiro buscam meios jurídicos para remediar o problema. Segundo o Incra, a área de 75 alqueires pertence a União e será destinada a reforma agrária.
No entanto, como o fazendeiro não deixou a propriedade, os sem terra decidiram radicalizar para exigir que a determinação judicial seja cumprida integralmente. Segundo uma das líderes do acampamento, Eva da Silva, se a decisão fosse contra o movimento, ela já teria sido cumprida.
“Nós queremos uma resposta da justiça. Estamos entrando em contato com todas as esferas competentes, para que nos digam o motivo porque até agora a fazenda ainda não foi desocupada”, diz, avisando que a manifestação de quinta-feira foi apenas um alerta. “Vamos radicalizar, caso não haja avanços nessa discussão”, ameaçou.
“Hoje [quinta-feira] só estamos mandando um recado. A partir de segunda-feira, se não houver uma resposta, vamos fechar a rodovia por tempo indeterminado”, avisa, destacando que as famílias só querem que a área seja logo desocupada, para dar celeridade ao processo de criação do assentamento.
Ponto de conflito
O local há muito é um ponto de conflito entre o fazendeiro que ocupa a área e os sem terra, que também são ocupantes. Nessa disputa, a cada conflito, a PA-275 muitas vezes é bloqueada.
O fechamento da rodovia na quinta-feira causou um congestionamento quilométrico nos dois trechos da pista. Muita gente, em vans ou ônibus de passageiros, fez o transbordo para não perder compromisso ou ficar a manhã toda presa no local.
Para muita gente, esse tipo de ação é prejudicial porque afeta quem nada tem a ver com o problema e geralmente a população não é avisada. “Atrapalha a vida de todo mundo. Aqui tem pessoas com problemas a resolver e vai perder o compromisso porque simplesmente um grupo resolve fechar a rodovia. Isso é ferir o direito de ir e vir das pessoas”, disse a dona de casa Helen Terraço, que estava indo para Marabá e teve que andar mais de dois quilômetros com o filho de 2 meses no colo, embaixo de sol escaldante, par pegar a van do outro lado do bloqueio.
Uma guarnição da Polícia Militar esteve no local para tentar negociar o desbloqueio da pista. Ainda no final da tarde de quinta-feira, a liderança do movimento decidiu levantar o bloqueio e liberar a rodovia, mas mantiveram a promessa de voltar a bloquear a PA-275 caso o Incra não resolva a situação em favor dos assentados até esta segunda-feira (24)
Reportagem: Tina Santos