Marabá fica em 2º lugar entre as cidades com piores indicadores de saneamento básico

Na semana do Dia Mundial da Água (22), o estudo do Instituto Trata Brasil elencou o município de Marabá em 2º lugar na lista das 20 piores cidades na avaliação dos indicadores de saneamento básico, em sua 15ª edição do Ranking do Saneamento, com o foco nos 100 maiores municípios do Brasil. A posição é motivo de vergonha e desgosto ao marabaense que vive tal realidade, na prática.

Dentre os 20 piores municípios do ranking de 2023, Marabá se destacou negativamente com outras três localidades do estado do Pará: Ananindeua, Santarém e Belém. Além delas, outras quatro cidades pertencem ao Rio de Janeiro, e duas ao Rio Grande do Sul. Do restante, mais quatro também pertencem à macrorregião Norte, outras quatro situam-se na macrorregião Nordeste, uma na região Centro-Oeste, e outra na região Sudeste.

Nos destaques por indicadores, o município faz outras duas aparições preocupantes. No que tange o Atendimento Total de Água, dentre todos os municípios monitorados pelo instituto, Marabá fica em penúltimo lugar com 32,98%, perdendo apenas para Porto Velho com 26,06%. E, no Índice de Tratamento de Esgoto, Marabá ficando atrás somente São João de Meriti no Rio de Janeiro e Porto Velho, ambos com 0% de investimento na administração de efluentes.

Com relação aos indicadores de acesso, o município marabaense faz parte do grupo de cidades em que apenas 79,99% da população possuem redes de água potável. Na porcentagem com rede de coleta de esgoto, Marabá faz parte dos municípios em que apenas 29,25% dos habitantes são assistidos. E, na acessibilidade ao tratamento de esgoto, o município consegue ser ainda pior, oferecendo uma cobertura de somente 18,21% da população.

COMO FUNCIONA?

O relatório faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano de 2021, publicado pelo Ministério das Cidades. Desde 2009, o Instituto Trata Brasil monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, visando dar luz a um problema histórico vivido no país.

A falta de acesso à água potável impacta quase 35 milhões de pessoas e cerca de 100 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde da população que diariamente sofrem, hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica.

Os dados do SNIS apontam que o país ainda tem grandes dificuldades com o tratamento do esgoto, do qual somente 51,20% do volume gerado é tratado – isto é, mais de 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente.

ASPAS DOS PORTA-VOZES

Sobre a lista em um geral, a presidente-executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, levanta que nesta edição do Ranking, foi observado que além da necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno do acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto, o tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. Imagine o volume de 5,5 mil piscinas olímpicas.

Essa é a carga poluente de esgoto não tratado no Brasil despejado irregularmente nos rios, mares e lagos diariamente (quase 2 milhões de piscinas olímpicas por ano), que corrobora para a degradação do meio ambiente e, principalmente, impacta negativamente a saúde da população”, afirma.

Já, Pedro Silva Scazufca, sócio-executivo da parceira do Instituto, a GO Associados diz que é possível notar mais uma vez uma estagnação entre os municípios nas últimas colocações. É particularmente ilustrativo observar o indicador de investimento per capita médio entre 2017 e 2021: praticamente nenhum município dentre os 20 piores investiu mais do que R$ 100 por habitante.

Isso é preocupante ao se considerar que, segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB), o patamar necessário para se atingir a universalização é superior ao dobro deste valor, isto é, R$203,51. O baixo nível de investimentos explica, portanto, a manutenção dos indicadores desses municípios em níveis precários. Por exemplo, entre os 20 piores, a coleta média é de 29,25%, muito abaixo da meta de 90% até 2033”, conclui. 

Thays Araujo – Correio de Carajás

Deo Martins