Após ser preso por extorsão, Assessor da Prefeitura de Parauapebas volta a procurar novas vítimas

Não é pequena a lista de processos aos quais responde Jonas Conrado Sousa, que há pouco tempo chegou a permanecer quase três meses preso, a mando da justiça, por crime de extorsão e associação criminosa. A ficha criminal inclui um processo por agressão à mulher — ao atacar a ex-esposa com um facão –, além de outros crimes por brigas, dano, incêndio e possibilidade de desastre ferroviário.

Mesmo com o passado criminoso, Jonas conseguiu um importante cargo na Prefeitura Municipal de Parauapebas, onde é lotado como  assessor especial, recebendo um salário líquido de R$ 4.099,19 mensais, como se pode ver no Portal da Transparência do Município.

Antes mesmo de ser nomeado assessor, Jonas tentava arrancar dinheiro de outro cofre público: o de Curionópolis. Ainda no ano passado, passou a assediar insistentemente a atual prefeita, Mariana Chamon, e o marido dela, o deputado Chamonzinho.

Via WhasApp, começou a enviar diversas mensagens e telefonar várias vezes ao dia para Mariana, falando que mantinha parceria com o ex-prefeito de Curinópolis, Adonei Aguiar, e que possui um portal onde divulgava informações da cidade.

Paralelamente e da mesma forma, procurava o deputado, insistindo em ser recebido. Nas mensagens, chega a falar mal do atual chefe: “com o prefeito Darci não tá dando mais, ele falhou comigo”, afirmou.

Em outra ocasião, Jonas diz saber que o deputado não gosta dele, mas insiste em ser atendido assim mesmo. Em áudio para Chamonzinho, no dia 5 de abril deste ano, Jonas Conrado tenta ser recebido mais uma vez e reclama novamente do prefeito de Parauapebas: “Aqui em Parauapebas (Darci) não vem cumprindo comigo, não. Ultimamente, ele (Darci) fez umas coisinhas aí que esqueceu de dar prioridade pra gente que ajudou tanto ele e aí a gente queria conversar (com Chamonzinho) pra ver o que a gente pode ver”.

Aparentemente, enquanto assediava o casal Chamon, o mesmo estava ocorrendo em outra ponta. A nomeação de Jonas Conrado como assessor ocorreu no dia 20 de abril, vaga que ele segue ocupando na administração, tendo recebido o salário do último mês, como consta no Portal da Transparência de Parauapebas. Em contato com servidores da Prefeitura Municipal, no entanto, vários afirmaram nunca terem visto ele desempenhando nenhuma função na Prefeitura Municipal.

Como nunca foi atendido e sequer respondido no WhatsAapp, tanto pelo deputado, quanto pela prefeita, Jonas Conrado passou a usar o site e suas redes sociais para atacar a gestora de Curionópolis, não se sabe se com o intuito de tentar força-la a fechar um acordo financeiro com ele ou se a mando de outra pessoa.

Em uma das postagens, ele faz a falsa afirmação de que servidores municipais de Curionópolis não teriam recebido salários, o que é desmentido pelos próprios profissionais nos comentários.

Interessante é que as publicações na página do Facebook ocorrem, inclusive, em horários que, em tese, Jonas Conrado deveria estar trabalhando para a Prefeitura de Parauapebas. São realizadas publicações em todos os períodos do dia, o que leva a crer que ele esteja utilizando o horário em que deveria trabalhar em prol da comunidade de Parauapebas para agir cometendo novos crimes enquanto é pago com recursos públicos.

Em meio a este cenário, tanto Mariana Chamon, quanto Chamonzinho garantem que não cederam ao que consideram uma tentativa de extorsão. Ambos informaram que irão abrir processos judiciais contra Jonas Conrado, apresentando como provas, inclusive, os prints das mensagens enviadas por ele e o áudio, que já estão sendo registrados em ata notarial junto a um cartório. Além disso, uma ação será movida também pelo município de Curionópolis.

PRISÃO

Em 2015, Jonas Conrado foi preso pela Polícia Civil de Parauapebas acusado de utilizar o nome do procurador de justiça Nelson Pereira Medrado, à época coordenador do Núcleo de Combate à Improbidade Administrativa e Corrupção (NCIC), e até de magistrados para cobrar valores entre R$ 250 mil e R$ 1 milhão de familiares de investigados da operação “Filisteu”, que prendeu envolvidos em fraudes na Câmara Municipal de Parauapebas.

Jonas Conrado foi acusado de afirmar aos familiares que as quantias seriam repassadas ao procurador, que estava à frente das investigações da operação, além dos presidentes do Tribunal de Justiça do Estado do Pará e do Tribunal Regional Eleitoral, o que não era verdadeiro.

O homem tentava fazer as pessoas acreditarem que poderia auxiliar na soltura dos familiares presos. O processo em relação a este caso segue tramitando na 1ª Vara Criminal da Comarca de Parauapebas.

Na mesma vara ele responde a um processo por ter desferido um golpe de facão nas costas da ex-companheira, mãe da filha dele; a outro por dano, incêndio e perigo de desastre, sobre o qual não há muitos detalhes; e a um por vias de fato. Neste último caso, foi homologado um acordo com o Ministério Público para que Jonas pagasse um valor pecuniário para instituições beneficentes.

Fonte: Correio de Carajás

Deo Martins