Quatro pessoas morrem com suspeita de raiva no Pará e outras seis seguem internadas

Nos últimos dias, quatro pessoas da localidade Rio Laguna, em Melgaço, na Ilha do Marajó, morreram em com suspeita de raiva. Outras seis pessoas seguem internadas com os sintomas: duas no Hospital da Santa Casa de Misericórdia em Belém, um no Hospital Regional de Breves e três no Hospital Municipal de Melgaço.

Todos apresentam quadro semelhante com sinais e sintomas como febre, dispneia, cefaleia, dor abdominal e sinais neurológicos como perda de tônus, convulsão, disfagia (dificuldade de engolir os alimentos), desorientação e hiperacusia (perda da capacidade auditiva, principalmente para sons agudos).

Inicialmente a hipótese diagnosticada foi de meningite, porém com as últimas atualizações e histórico dos casos, foi levantada a suspeita de raiva humana. Por causa disso, a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) está chamando a população a se vacinar e oferece soros antirrábicos humanos e vacina antirrábica animal, assim como material para controle seletivo de morcegos.

EXAMES

De acordo com a Agência Pará, ainda não há confirmação laboratorial referente ao que teria ocorrido com os pacientes. Foi realizado o exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) para o diagnóstico de patologias neurológicas e infecciosas de quatro pacientes, todos com resultados inespecíficos.

Também foi feita ainda a coleta de soro para detectar meningite, além do acometimento para a raiva. As amostras estão sendo processadas no Instituto Pasteur em São Paulo e no Instituto Evandro Chagas, em Belém.

A reportagem entrou em contato com o Instituto Evandro Chagas para saber se já há algum resultado que confirme a doença nos pacientes.

HISTÓRICO

Em abril de 2004, um surto de raiva atingiu outro município do Marajó, Portel. Na época, foram registrados 16 casos suspeitos da doença, sendo um dos maiores casos de raiva humana transmitida no Brasil.

A doença foi disseminada principalmente pelo grande número de morcegos na região e provocou a vacinação em massa de cachorros e gatos na cidade.

A RAIVA

A raiva é uma doença infecciosa viral aguda, que acomete mamíferos, inclusive o homem, e caracteriza-se como uma inflamação no cérebro progressiva e aguda. Em geral, a doença leva a morte as pessoas contaminadas em quase 100% dos casos.

A doença é transmitida ao homem pela saliva de animais infectados, principalmente por mordida, podendo ser transmitida também pela arranhadura e/ou lambedura desses animais.

Os sintomas duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período o paciente apresenta mal-estar geral, pequeno aumento de temperatura, anorexia, cefaleia, náuseas, dor de garganta, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia. Podem ocorrer linfoadenopatia (inchaço do pescoço) e alterações de comportamento.

A infecção progride, surgindo manifestações de ansiedade, febre, delírios, espasmos musculares involuntários, generalizados e/ou convulsões. Espasmos dos músculos da laringe, faringe e língua ocorrem quando o paciente vê ou tenta ingerir líquido. Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e prisão de ventre.

O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.

Infelizmente, a raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré- ou pós-exposição. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos.

Quem suspeitar de raiva humana deve procurar imediatamente um posto de saúde para iniciar os exames que podem confirmar ou não a doença.

Com informações da Agência Pará e Ministério da Saúde

Deo Martins

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