Adepará debate com produtores a vacinação contra brucelose

Veterinários cadastrados e habilitados no Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal, produtores rurais e representantes de revendas agropecuárias participaram na manhã desta quinta-feira (10) de reunião técnica sobre o controle e erradicação da brucelose. Promovido pela Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), o encontro, que contou com cerca de 50 participantes, priorizou a Instrução Normativa nº 10/2017, que permite ao produtor rural a utilização da vacina RB51 em fêmeas bovídeas entre três e oito meses de idade.
O Pará é um Estado com dimensões continentais e grande potencial para o agronegócio. Temos mais de 20 milhões de animais cadastrados pela Adepará, e isso aumenta nossa responsabilidade enquanto executores da sanidade animal e vegetal. Nosso papel é criar e manter áreas livres, e é assim que temos que trabalhar em relação à brucelose, mesmo que essa zoonose não chegue nem a 1% do rebanho paraense”, destacou o diretor geral da Adepará, Luiz Pinto.
Carlos Xavier, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), destacou que com o rebanho livre da doença, o produtor ganha em qualidade, podendo conseguir melhor preço e ajudando a fortalecer a economia do Pará.
O cientista-técnico Luís Ernesto Samartino, pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologias Agropecuária da Argentina e referência internacional em brucelose, abordou o contexto mundial sobre a doença, e explicou que a principal vantagem em adotar a RB51, além da economia e garantia de eficácia, é a praticidade, pois ela só precisa ser aplicada uma única vez durante a vida do animal. “Já é uma tendência mundial a substituição pela RB51. Os Estados Unidos utilizam a vacina em 100% do rebanho”, informou.
Também foram discutidas as ações de vacinação, saneamento do foco de brucelose, vigilância epidemiológica, controle de trânsito de bovinos, conceitos gerais sobre vacinação, entre outros temas. Nesta sexta-feira (11), a Adepará realizará a reunião técnica no município de Marabá, no sudeste, com o objetivo de atender aos produtores e médicos veterinários dos municípios da região.
Produtividade – Desde 2001, o Brasil conta com o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT), criado pelos veterinários e o setor público para o combate a essas doenças. No caso da brucelose, o programa trabalha para reduzir significativamente a prevalência da zoonose, por meio de diagnóstico e eliminação dos animais soropositivos, e de imunização das fêmeas com vacinas contendo as cepas B-19 e RB-51.
Causadora de abortos, nascimento de bezerros fracos, retenção de placenta e infertilidade, a brucelose é responsável por grandes perdas econômicas, devido à redução da eficiência reprodutiva. Em saúde pública, destaca-se como uma zoonose – doença transmitida tanto para animais como para humanos -, que acomete principalmente pessoas que trabalham com bovinos, como vaqueiros e veterinários.
A vacinação contra a brucelose visa induzir a imunidade contra a doença. Quanto mais fêmeas vacinadas, maior será a proteção do rebanho, reduzindo o número de animais suscetíveis e a possibilidade de difusão da doença para os homens. Todas as fêmeas bovinas entre três e oito meses têm de ser vacinadas.
A Adepará realiza pela primeira vez, em 977 propriedades rurais sorteadas, em todas as regiões, um inquérito de soro epidemiológico da brucelose e tuberculose animal. O estudo é importante para toda a cadeia produtiva, já que o status de área livre dessas doenças deverá ser imposto como barreira sanitária pelo mercado comprador aos países produtores, como o Brasil. “Essa classificação vai gerar mais qualidade e valor ao rebanho paraense, beneficiando principalmente o produtor”, ressaltou Luiz Pinto.
Sistema – O Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal possui um sistema informatizado, que os médicos veterinários cadastrados e habilitados utilizam para passar as informações recolhidas nas propriedades. “Antes, as informações chegavam até a gerência por meio de relatório técnico mensal, o que acabava sendo um processo lento, que durava até meses para chegar, e no final acabávamos perdendo as informações”, contou Augusto Peralta, gerente do Programa Estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal da Adepará.
O novo sistema acelerou o envio das informações, assim como a emissão de receituário e atestado. “O médico veterinário lança automaticamente no sistema a informação, emite receituário e alimenta o sistema para emissão do atestado”, acrescentou o gerente.
Reportagem: Inara Soares – Agência Pará

Deo Martins

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