Justiça manda prender policiais envolvidos em conflito agrário de Pau D’Arco

Onze policiais militares e dois policiais civis envolvidos na chacina de Pau D’Arco, no sudeste paraense, que resultou na morte de dez trabalhadores rurais, foram presos nesta segunda-feira (10), seis dias após a reconstituição realizada pela Polícia Federal.
As prisões ocorreram em Belém e no município de Redenção, no sudeste paraense, após solicitação do do promotor de justiça Alfredo Amorim, um dos quatro promotores que conduzem a investigação sobre o caso, pelo Ministério Público, e foram realizadas por equipes da Polícia Federal e da Corregedoria da Polícia Militar do Pará.
Veja a lista com os nomes dos presos:
Carlos Kened Gonaçalves de Souza – coronel da PM;
Rômulo Neves de Azevedo – tenente da PM;
Cristiano Fernando da Silva – cabo da PM;
Rodrigo Matias de Souza – soldado da PM;
Advone Vitorino da Silva – 2º sargento da PM;
Jonatas Pereira de Silva – soldado da PM;
Neuily Sousa da Silva – soldado da PM;
Welington da Silva Lira – soldado da PM;
Orlando Cunha de Sousa – 3º sargento da PM;
Ronaldo Silva Lima – sargento da PM;
Ricardo Moreira da Costa Dutra – cabo da PM;
Douglas Eduardo da Silva Luz – escrivão da PC;
Euclides da Silva Lima Júnior- investigador da PC.
Prisões temporárias
Segundo a Polícia Civil, as prisões são temporárias de 30 dias, podendo prorrogada por igual período, dependendo da Justiça.
Segundo decisão do juiz Haroldo Silva da Fonseca, por se tratar de policiais militares e civis, eles deverão ficar recolhidos no Quartel da Polícia Militar.
Apresentação dos policiais envolvidos
Segundo a Polícia Federal, os policiais de Redenção serão transferidos para Belém no final da tarde e serão encaminhados para o Centro de Recuperação Especial Cel. Anastácio das Neves (Crecan), em Santa Izabel, Região Metropolitana de Belém. Já os policias que estão em Belém serão apresentados na sede da PF.
A Polícia Federal, a Polícia Civil e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Segup) marcaram para hoje, às 17h, um coletiva de imprensa para falar sobre as prisões e apresentar os policiais.
Polícia adulterou local da chacina
Além de não ter sido um ato de resistência, como afirmou o Governo do Pará no início das investigações, houve um agravante: a cena dos assassinatos foi adulterada.
Segundo a procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal (MPF), Deborah Duprat, que acompanhou o início da perícia durante o dia de ontem, não foi encontrado uma gota de sangue no local.
“Adulterar o local das mortes é extremamente suspeito e é necessário descobrir quem o fez dentro do inquérito, pois isso com certeza dificulta a elucidação da autoria das mortes. O local deveria ter sido isolado até a chegada da perícia”, frisou.
A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Pará (Segup), juntamente com outros órgãos de segurança do Governo do Estado, tentou justificar a chacina.
Durante a coletiva, o secretário de Segurança Pública, Jeannot Jansen, chegou a sustentar a tese de que os mortos “não eram trabalhadores rurais”, mas “pessoas que estavam com mandados de prisão decretados pelo juiz sob suspeita de homicídio”.
Entretanto, o secretário não explicou como o número de mortos era superior ao de mandados de prisão. O Governo também afirmou que a operação teve planejamento e “houve uma reação da equipe policial que foi recebida a tiros”.
A chacina de Pau D’Arco entrou para as estatísticas como o segundo maior massacre no campo desde o ocorrido em Eldorado dos Carajás, também no Pará, em 1996.
Segundo levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra), os números ajudaram a tornar 2017 um ano acima da média quando o assunto é morte no campo.
Reportagem: Diário onLine

Deo Martins

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