Fiocruz identifica variante do coronavírus no Pará e em outros quatro estados

 Fiocruz identifica variante do coronavírus no Pará e em outros quatro estados

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já encontraram a variante P.1 do novo coronavírus (covid-19), descrita pela primeira vez no Amazonas, em mais cinco estados: Pará, Paraíba, Roraima, Santa Catarina e São Paulo, segundo nota divulgada hoje pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). Casos provocados pela nova variante P.1 também já foram confirmados pelas secretarias estaduais de Saúde da Bahia, do Ceará e de Pernambuco.
Até o momento, não há dados que relacionem essa variante a quadros mais graves da covid-19, porém as mutações identificadas nela são semelhantes às das variantes encontradas no Reino Unido e na África do Sul, e têm potencial de facilitar a transmissão.
No texto divulgado hoje (12) pelo instituto, a pesquisadora Paola Cristina Resende ressalta que “é importante lembrar que as linhagens P.1 e P.2 já foram associadas a casos de reinfecção no país. Por isso, é fundamental a continuidade das medidas de prevenção, como a utilização de máscara de proteção, a higienização frequente das mãos e evitar aglomerações“.
Um balanço aponta que mais de 60 linhagens do vírus já foram encontradas no país, porém predominam a B.1.1.33 e a B.1.1.28, que circulam no Brasil desde março. O surgimento de linhagens diversas é um processo comum nos vírus, e, na maior parte dos casos, as mudanças implicam pequenas diferenças no material genético.
Foi a B.1.1.28 que, após mutações, deu origem à variante P.1, encontrada no Amazonas, e à P.2, descrita pela primeira vez no Rio de Janeiro. Ambas são consideradas “variantes de preocupação” e apresentam modificações na proteína spike, estrutura do vírus que se conecta às células humanas. No caso da P.1, há três mutações relacionadas à proteína (K417N, E484K e N501Y), e, na P.2, uma mutação (E484K).
No Amazonas, a variante P.1 foi apontada como a causadora de 91% dos casos da covid-19 que tiveram seu material genético sequenciado em janeiro. A variante se tornou a dominante no estado, tomando o lugar da B.1.1.28.
De forma semelhante, a variante P.2 também tem ampliado sua presença no Rio de Janeiro, que antes tinha predomínio da B.1.1.33. A nova variante também já foi identificada em outros estados, como em Rondônia, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira (10) por pesquisadores da Fiocruz no estado.
Entre os objetivos dos pesquisadores estão entender a dispersão das linhagens do coronavírus no território nacional e identificar se as mutações recém descritas podem afetar a resposta induzida pelas vacinas.
Em nota publicada na quarta-feira pela Fiocruz Rondônia, o infectologista Juan Miguel Villalobos Salcedo destacou a necessidade de conter a circulação do vírus. “Quanto mais casos ativos tivermos em uma população, mais chances nós temos de propagar a doença e, consequentemente, mais possibilidades teremos de provocar novas mutações do vírus“.
Agência Brasil

Deo Martins