Mãos de pioneiras de Parauapebas marcam monumento em homenagem aos 30 anos do Encontro das Mulheres

Não são de pedras estas casas, mas de mãos. E estão no fruto e na palavra as mãos que são o canto e são as armas”. O trecho do soneto “As Mãos”, do poeta Manuel Alegre, pode ilustrar o significado do monumento que será inaugurado na tarde dessa quinta-feira, 20, para homenagear os 30 anos do Encontro das Mulheres de Parauapebas.

No monumento, estão as marcas das mãos de cem pioneiras que ajudaram a construir o município. “E cravam-se no tempo como farpas as mãos que vês nas coisas transformadas”, continua o soneto, como a escrever para todas as mulheres que adotaram Parauapebas como sua nova casa e trabalharam – e ainda trabalham – para que o município seja o melhor lugar do mundo para se viver.

Certamente, são milhares as mulheres que vieram para a capital dos minérios há mais de 30 anos. E tantas mãos não caberiam no monumento. “Cada uma das pioneiras de Parauapebas tem nossa gratidão e merece nossa homenagem. Seria necessário um muro que cortasse toda a cidade para caber tantas mãos maravilhosas. Como isso não é possível, tivemos que escolher cem delas – e isso não foi nada fácil – para representar todas as nossas pioneiras, nossas guerreiras”, diz a secretária municipal da Mulher, Edileide Batista.

E é sem esconder o orgulho que a titular da Semmu destaca o fato de que o Encontro das Mulheres de Parauapebas é o único do Pará reconhecido, por lei estadual, como patrimônio cultural e imaterial do Estado. E não apenas pela movimentada e animada comemoração realizada em março, o mês das mulheres, mas porque graças à mobilização delas o município se voltou para a adoção de políticas públicas para as mulheres.

O encontro foi criado por um pequeno grupo de mulheres, mas foi se agigantando a cada ano até se transformar em algo que vai além da festa que realizamos em março, quando a cidade fica linda e colorida com a gincana das oito equipes e com os eventos. Com o encontro, as mulheres passaram a participar das ações políticas de interesse de todas e tivemos grandes avanços”, pontua Edileide Batista.

A inauguração do monumento

Com a presença de autoridades, a inauguração do monumento em homenagem ao Encontro das Mulheres contará com culto ecumênico e apresentação de um documentário com a trajetória do evento, no município. Toda a cerimônia será transmitida ao vivo pelo facebook da prefeitura e pelo portal Pebinha de Açúcar.

Ainda haverá entrega de troféus para as líderes das oito equipes que movimentam o encontro todos os anos, com a realização de uma acirrada gincana. “Este ano, infelizmente, nossa programação foi totalmente diferente por causa da pandemia e a gincana, os shows não puderam ser realizados”, observa Edileide Batista, mas sem desanimar. “Importante é a prefeitura homenagear nossas mulheres”.

As mãos

Autor: Manuel Alegre

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas, mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor, cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Texto: Hanny Amoras – Fotos: Chico Souza

 

Deo Martins