Bandidos tentaram roubar R$ 800 mil do Banco do Brasil em Parauapebas

 Bandidos tentaram roubar R$ 800 mil do Banco do Brasil em Parauapebas

Não faça nenhuma besteira, não dê sinais, não ligue pra polícia por nada, age naturalmente como se nada estivesse acontecendo, caso contrário eles vão sofrer e nós não queremos fazer isso”. Essa foi uma das ameaças que o tesoureiro regional do Banco do Brasil em Parauapebas, responsável também pelas unidades de Canaã dos Carajás e Curionópolis, ouviu dos responsáveis por fazerem ele e a família reféns na tentativa de subtrair R$ 800 mil do banco.
Na manhã da última sexta-feira (1º) a movimentação policial em frente à agência do Bairro Cidade Nova, em Parauapebas, atraiu a atenção de diversos curiosos. No local, a equipe do Jornal Correio descobriu que logo após a unidade ser aberta, os clientes foram convidados a se retirarem e em seguida viaturas da Polícia Militar e da Polícia Civil chegaram no local.Uma das pessoas que utilizava o serviço bancário, Manoel Divino, relatou à Reportagem que fazia um saque no caixa eletrônico quando um funcionário pediu para ele se retirar afirmando apenas que ‘o banco está fechado’. Logo em seguida, o delegado Gabriel Henrique Alves, diretor da 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil, informou que houve denúncia de que um assalto ocorreria, mas que as polícias Civil e Militar conseguiram frustrá-lo.
Viemos fazer a conferência com o gerente do banco, após informação de que estaria havendo um assalto, conseguimos frustrar e vamos instaurar um inquérito para averiguar este caso, fizemos a conferência dos recursos dentro do banco, juntamente do gerente”, explicou. Naquele momento ele omitiu, entretanto, o sequestro dos familiares de um dos funcionários.
Logo em seguida, A equipe de reportagem foi informada de que a movimentação na principal delegacia da cidade apontava que algo mais grave estivesse acontecendo e foi informada de o bancário e os familiares dele estavam prestando depoimento. Teve acesso, já na noite de ontem, ao Boletim de Ocorrência do caso, onde a vítima relata o sequestro da família.
MOMENTOS DE TERROR
O tesoureiro informou à Polícia Civil que na noite de quinta, às 21h50, entrou com o veículo em casa e fechou o portão eletrônico. Observou, entretanto, o momento em que dois homens conseguiram entrar pela lateral do portão que ainda estava se fechando, dividiram-se e cada um abordou uma porta do veículo, empunhando pistolas.
Ele acredita que ambos estavam escondidos no matagal de um terreno baldio localizado ao lado da residência. A vítima afirma ter sido conduzida até o próprio quarto, após ter o celular retido. Por volta das 22h10, diz, os bandidos renderam a companheira dele, que foi levada ao mesmo cômodo. Cerca de 20 minutos depois retornaram, desta vez com o enteado do funcionário do banco.
Conforme a família, ao menos cinco homens se revezaram na vigilância dos reféns, todos armados com pistolas. Por volta das 4 horas da madrugada desta sexta o homem que aparentava ser o líder chegou e perguntou se a família tinha sido agredida, ao que respondeu negativamente. Por volta das 4h30, homens saíram com a esposa e o enteado e o tesoureiro passou a ouvir diretrizes de como deveria proceder com a retirada de valores da agência bancária. Os homens, inclusive, exigiram R$ 800 mil reais que deveriam ser colocados dentro de uma mochila preta de couro.
A vítima diz ter informado aos homens que não poderia colocar todo este valor na bolsa e sair despercebido, em razão do volume, que chamaria a atenção. Ouviu então que o bando não queria menos de R$ 500 mil e que a vítima teria que dar um jeito enquanto a esposa e o enteado seriam levados ao cativeiro, momentos em que foram feitas as ameaças à família. Conforme o tesoureiro, ele ainda teve chance de escolher como procederia: “se você não me der garantia que vai sair de lá com esse dinheiro, vou chamar meu pessoal e vamos colocar uma bomba em seu corpo, nós temos especialista nisso”, ameaçou um dos homens.O tesoureiro afirma que durante toda a ação dois dos indivíduos empregaram muita pressão psicológica e realizaram várias ameaças de morte à família, informando que as vítimas vinham sendo monitoradas pelo bando há dias. Conforme o bancário, realmente havia estranhado a presença de um veículo, uma caminhonete, ao sair para trabalhar, pois este estava parado na esquina, mas não era possível visualizar a pessoa que estava dentro.
Antes de saírem da casa, os bandidos devolveram o celular do bancário e ele foi orientado a só utilizar o aparelho para contato com a esposa, uma vez que os criminosos estavam com o aparelho dela. Por fim, teria que sair do banco com a bolsa e seguir até o próprio automóvel.
O funcionário foi normalmente para a agência pela manhã onde foi surpreendido, por volta das 10h10, com a chegada de Policiais Civis informando já saberem o que estava acontecendo. Os agentes repassaram novas orientações sobre como ele deveria proceder caso houvesse algum contato.
Por volta das 11h48, entretanto, recebeu uma ligação de pessoa aleatória informando que a esposa e o enteado foram vistos saindo do matagal nas margens da estrada de Canaã dos Carajás. De acordo com ele, não viu em momento algum a face de nenhum dos indivíduos e não tem condições de realizar perícia iconográfica. A Polícia Civil não esclareceu, até o momento, de que forma soube do crime em andamento, nem informou se há suspeitos identificados.
Reportagem: Luciana Marschall e Theiza Cristhine – Correio de Carajás

Deo Martins