Ingestão de ‘Falsa Couve’ causa parada cardiorrespiratória e deixa vítimas em coma induzido na UTI de Patrocínio (MG).

 Ingestão de ‘Falsa Couve’ causa parada cardiorrespiratória e deixa vítimas em coma induzido na UTI de Patrocínio (MG).

Foto: Divulgação Corpo de Bombeiros

O caso ocorreu em uma chácara na zona rural de Patrocínio, no Alto Paranaíba, em Minas Gerais, na última quarta-feira, dia 8 de outubro.

Quatro pessoas de uma mesma família ficaram gravemente intoxicadas após ingerirem a planta, que foi colhida no local e utilizada no preparo de uma refeição (possivelmente um refogado ou salada), sendo confundida com a couve comum.

As vítimas eram uma mulher de 37 anos e três homens com idades entre 49, 60 e 67 anos. As vítimas começaram a se sentir mal logo após a ingestão do vegetal, e foram prontamente atendidas pelas equipes de socorro (Corpo de Bombeiros, SAMU e Polícia Militar).

Três vítimas permanecem internadas em estado grave na UTI, entubadas e em coma induzido. A mulher de 37 anos, em particular, teve o quadro de lesão cerebral confirmado devido à gravidade da intoxicação.

Um homem de 67 anos recebeu alta um dia depois da suposta intoxicação e está na casa de amigos, onde recebe visitas de equipes de saúde para acompanhamento da evolução do quadro. Uma também foi levada ao hospital para observação, mas não chegou a ingerir a planta.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) abriu um inquérito para investigar o caso, cuja principal hipótese é de envenenamento acidental. Amostras da planta e restos encontrados na arcada dentária de uma das vítimas foram coletados e enviados à Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, para análise laboratorial e confirmação do agente tóxico.

A Planta Tóxica: A “Falsa Couve”

A planta responsável pela intoxicação foi identificada como Nicotiana glauca. Ela é popularmente conhecida por vários nomes, como:

  • Charuteira
  • Tabaco-arbóreo
  • Fumo-bravo
  • Couve-selvagem

Características e Toxicidade;

A Nicotiana glauca pertence à mesma família do tabaco comum (Nicotiana tabacum), mas é altamente tóxica. Suas folhas têm um aspecto que pode ser facilmente confundido com o da couve comum (Brassica oleracea), especialmente em áreas rurais. O principal componente tóxico da planta é o alcaloide anabasina.

A anabasina é até cinco vezes mais potente que a nicotina. Sua ingestão provoca um bloqueio na transmissão dos impulsos nervosos do corpo, resultando em um quadro clínico grave. Os sintomas costumam surgir rapidamente (entre 15 e 30 minutos) e incluem:

    • Vômitos e náuseas.
    • Sintomas gastrointestinais.
    • Paralisia muscular.
    • Dificuldade ou insuficiência respiratória.
    • Parada respiratória e cardiorrespiratória.

Não existe um antídoto específico para a intoxicação por Nicotiana glauca. O tratamento é de suporte, realizado em ambiente hospitalar, focando no controle dos sintomas graves, como a respiração assistida (ventilação mecânica) para as vítimas em UTI.

O caso tem servido como um alerta das autoridades de saúde para a importância de nunca consumir plantas desconhecidas ou selvagens sem a devida e correta identificação, especialmente em ambientes rurais.

    Deo Martins