Segup divulga laudo pericial da simulação das mortes em Pau D’Arco

 Segup divulga laudo pericial da simulação das mortes em Pau D’Arco

 

Foto: Fábio Costa

A Secretária de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) divulgou nesta segunda-feira (28) o laudo pericial de reprodução simulada da operação policial em Pau D’Arco, que resultou na morte de 10 posseiros na fazenda Santa Lúcia, localizada no sudeste do estado. A conclusão é de que houve uma chacina. Sem chance de defesa, as vítimas foram assassinadas pelos agentes públicos.
Um vídeo reproduziu o resultado do que foi analisado pelos peritos do Centro de Perícias Cientificas Renato Chaves e da Polícia Federal – que atuaram de forma conjunta na análise das armas e dos relatos de sobreviventes – e hoje o laudo de 120 páginas foi apresentado oficialmente.
O objetivo central foi tentar individualizar as condutas. Dos 29 policiais que entraram na fazenda Santa Luzia no dia 24 de maio, pelo menos seis atiraram contra as vitimas. Os nomes dos agentes de segurança pública autores dos tiros não foi revelado.
O perito criminal federal Jesus Antônio Velho explica que do grupo de policiais, 21 são Policiais Militares e 8 são integrantes da Policia Civil que chegaram na fazenda para dar cumprimento a 14 mandados de prisão.
No dia do crime, os policiais chegaram a fazenda entre 6h e 7h da manhã. Assim que entraram no local perceberam que os posseiros não estavam na sede da fazenda, então se dividiram em grupos. Seis policiais caminharam a pé pela mata atrás dos trabalhadores rurais. O restante foi em viaturas.
Os posseiros estavam no acampamento 1, distante 1600 metros de trilha da sede da fazenda. De lá, eles escutaram a chegada da polícia. Decidiram fugir. Deixaram para trás vários objetos. Esse rastro deixado foi posteriormente seguido pelos policiais”, explica o perito criminal.
Desse primeiro acampamento, os posseiros seguiram a pé até um segundo ponto da fazenda, onde julgaram estar seguros. Nesse momento caiu uma forte chuva. Juntos, o grupo de aproximadamente 25 pessoas decidiu se proteger com uma lona de plástico preta. A chuva era forte.
Todos estavam de baixo dessa lona na mata. Na avaliação dos peritos, o barulho da chuva caindo na lona impediu que eles escutassem a aproximação dos policiais – identificados como o grupo de seis policiais que seguiram o rastro deles a pé – até que os primeiros tiros foram disparos. Nesse momento três pessoas foram feridas a bala. Os tiros foram feitos de uma distância de sete metros. A lona usada pelas vítimas foi encontrada pelos peritos e nela foram achados as marcas de bala.
Quando os primeiros foram atingidos a maior parte do grupo correu e se escondeu na mata e num lago. Cinco sobreviventes participaram da simulação. Uma delas estava distante apenas 10 metros de onde as vitimas foram mortas.
Essas pessoas ouviram barulhos como se fosse das vitimas sendo agredidas e disparos intercalados de arma de fogo. É importante ressaltar que nós posicionamos essas pessoas no local onde disseram estar escondidas e reproduzimos os barulhos. Foi unânime a constatação de que de fato eles escutaram o que disseram que ouviram.
Nem todos correram após os primeiros disparos. Esses permaneceram juntos aos feridos. Alguns com vida. Essas pessoas compõe o grupo das dez vitimas mortas na fazenda.
SEGUP
O titular da Segup, Jeannot Jansen classificou a operação policial como desastrosa. “O Estado está determinado a esclarecer os fatos. A ação que desencadeou a operação foi legítima: o cumprimento de mandados judiciais em decorrência de um homicídio. Nosso objetivo foi individualizar as condutas. É importante destacar que todos os policiais envolvidos permanecem afastados. Foi uma ação, sem dúvida, desproporcional. Desastrosa“, afirma o secretario. Segundo ele, o Estado agirá com rigor para que a chacina não se repita.
Reportagem: ORM

Deo Martins

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