Audiência Pública discute ampliação do projeto Serra Leste

 Audiência Pública discute ampliação do projeto Serra Leste

Depois de se reunir com o prefeito Adonei Aguiar e diversos secretários de seu governo, em reunião ocorrida na segunda-feira, 21, e detalhar a ampliação do projeto Serra Leste, a mineradora Vale S. A. participou da Audiência Pública quando pôs em discussão com a população de Curionópolis que pôde conhecer e opinar acerca da ação.
O ato ocorrido no Teatro Municipal na quinta-feira, 24, reuniu pessoas de diversos segmentos da sociedade civil organizada, lideranças políticas e populares; que receberam a boa notícia que a expansão aquecerá a economia local, pois, a etapa da ampliação de Serra Leste demandará a contratação de 1363 trabalhadores, entre mão de obra própria da Vale (1.089 trabalhadores) e terceirizada (274 trabalhadores). Desse volume, 85% farão parte do quadro de operários da construção civil e da montagem eletromecânica.
Serão recrutados, assim, serventes, pedreiros, ajudantes, armadores, carpinteiros, encarregados, bombeiros hidráulicos, encanadores, eletricistas, mecânicos montadores, maçariqueiros, marteleiros, motoristas de veículos leves e pesados, operadores de equipamentos, soldadores, entre outros, aponta o relatório.
O restante serão engenheiros (civil, mecânico, eletricista) e técnicos (de segurança do trabalho, meio ambiente, técnico em edificações e estradas, entre outros). Para a operação, a previsão é de dobrar o número atual de engenheiros. A intenção da Vale é contratar o maior número possível de trabalhadores da implantação no município de Curionópolis e municípios vizinhos, “visando ao aproveitamento e incorporação da mão de obra disponível na região”, descreve a consultoria Amplo, sem, entretanto, fazer alusão às especificidades das contratações para a operação.
Em resumo, o projeto Serra Leste prevê demandar 1.300 postos de trabalho diretos na etapa de implantação e mais de 1.000 na etapa de operação. Porém a mineradora não sabe precisar quando se iniciarão os trabalhos, pois para isto aguarda o licenciamento ambiental. Já tendo apresentado todos os relatórios necessários de impactos ambiental etc.; depois disto ampliará sua capacidade de produção para 10 mil toneladas por ano.
Porém, segundo a assessoria de comunicação da mineradora, não significa que serão produzidas esta quantidade de mineiro, pois dependerá da demanda do mercado. Ou seja, só se extrairá tal quantidade de minério no Serra Leste, caso o mercado tenha reação favorável.
Manifestação popular – A principal indagação era a geração de emprego com contratação de mão de obra local. Seguida de obras estruturais e ações que venham impactar positivamente a população, com ênfase na de Serra Pelada, por morarem bem próximo ao projeto de extração mineral.
O prefeito Adonei Aguiar também pediu em favor da população que representa e lembrou que a implantação da primeira etapa do projeto Serra Leste foi bem parecida com esta que agora se discute; e lamentou que após a implantação daquela etapa os empregos tiveram grande redução.
Adonei diz que talvez não tenham sido culpa exclusiva da mineradora, mas das gestão que não criou alternativas econômicas para que a população não ficasse refém apenas da atividade mineral. Outro ponto citado pelo prefeito foi a aplicação correta dos recursos das condicionantes que foram R$ 15 milhões; e questiona onde foi parar tais recursos. “Esta sociedade padece e o povo não aguenta mais esperar. Estou aqui para colaborar na escrita de uma nova página deste Município que não pode mais padecer”, descreve Adonei, planejando que todas as condicionantes agora serão fiscalizadas e garante que os recursos repassados para a prefeitura serão investidos de forma correta.
O prefeito encerrou seu pronunciamento falando de seu desejo de tirar Curionópolis do Ranking das 100 piores do Brasil, elevando-a a ficar entre as 100 melhores cidades para se viver.
Sobre a Expansão do Serra Leste – O projeto Serra Leste, para extração de minério de ferro no município de Curionópolis (PA), está a um passo de ter sua capacidade de produção ampliada. Operado pela mineradora multinacional Vale, o Serra Leste tem esse nome porque se localiza na porção leste da mundialmente famosa Serra dos Carajás, um conjunto de terras extremamente ricas em recursos minerais e que empresta o nome para o complexo minerador da empresa.
Denominado “10 Mtpa”, que implica dizer ampliação para 10 milhões de toneladas por ano de minério de ferro ante a atual capacidade de 6 Mtpa. As informações constam do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), encomendado pela Vale à consultoria Amplo e ao qual a Assopem teve acesso.
Para implantação do projeto, estão previstas uma série de ampliações das estruturas existentes e a abertura de novas estruturas ― novas cavas para extração de minério, novas pilhas de disposição de estéril e nova usina de beneficiamento, bem como adequação e ampliação das estruturas de apoio existentes. O Serra Leste consiste na extração e beneficiamento de minério de ferro à umidade natural, o que descarta a necessidade de uso expressivo de água e a implantação de barragens. O escoamento da produção adicional será pela Estrada de Ferro Carajás (EFC).
IMPACTOS: Serra Leste já rendeu mais de R$ 15 milhões em royalties
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que em 2016 a Serra Leste produziu para exportações 4,5 Mt de minério de ferro (75% da capacidade nominal), que renderam quase 139 milhões de dólares à Vale. Já o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) revela que minério de ferro do projeto gerou R$ 6,43 milhões em royalties de mineração ao poder público.
Este ano, Serra Leste já rendeu 2,3 Mt entre janeiro e julho, movimentando quase 120 milhões de dólares em exportações e gerando R$ 6 milhões em royalties. Desde que começou a operar, Serra Leste já possibilitou aos governos federal, estadual e municipal mais de R$ 15 milhões em royalties.
No atual ritmo de produção, a mina, que começou a ser explorada em 2014, será exaurida em 2059, de acordo com “Relatório Anual 2016”, da Vale, publicado este ano. Com a ampliação, a vida útil cai para 11 anos, pela lavra global de 107 Mt de minério de ferro, conforme aponta o Rima.
Para a Vale, são evidentes as vantagens socioeconômicas de se desenvolver a ampliação de Serra Leste, “que é um empreendimento de porte representativo para o contexto municipal e regional”. O Rima alerta para o fato de que a atual reserva autorizada para lavra tende a cessar em 2017 e que, caso o empreendimento não seja viabilizado, “é previsto um acirramento do atual quadro de crise econômica caracterizado no país devido à diminuição da oferta de empregos e à diminuição da necessidade do comércio e dos serviços”.
Texto: Francesco Costa, com fotos de Anderson Souza – ASCOM/PMC

Deo Martins

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