Governador do Pará tem mandato cassado pelo TRE

 Governador do Pará tem mandato cassado pelo TRE
Foto: Cristino Martins/Agência Pará

O governador Simão Jatene (PSDB) teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O julgamento, que teve início pela manhã desta quinta-feira (30), terminou com o resultado de quatro votos favoráveis à cassação, e dois contra a perda do mandato de Jatene. Zequinha Marinho, vice-governador do estado, também teve seu mandato cassado.

Os magistrados Luciana Pereira (juíza federal, que apresentou as provas da cassação), Altemar Paes (juiz), José Alexandre Buchacra (juiz) e Luzimara Costa (juíza indicada da OAB), votaram a favor da cassação do diploma de governador de Simão Jatene, enquanto que Amilcar Roberto Bezerra Guimarães (juiz) e Célia Regina de Lima Pinheiro (presidente do TRE e relatora do processo) votaram contra.

O governador foi condenado por abuso de poder político e econômico. O TRE entendeu que Jatene cometeu abuso na distribuição do benefício Cheque Moradia, durante os meses que antecediam a eleição de 2014.

A denúncia foi investigada pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), que confirmou que o número de cheques entregues neste período mais que triplicou, o que configura uma espécie de compra de votos indiretamente.

JATENE PODE RECORRER

A medida tem caráter suspensivo, e Jatene pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda no cargo de governador.

Como a decisão foi tomada com mais de 50% do mandato cumprido por Simão Jatene, não haverá outra eleição, caso a cassação seja mantida.

Como o vice-governador Zequinha Marinho também teve seu mandato cassado, quem assumirá o cargo até 2018 – no caso de confirmação da cassação, é o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Márcio Miranda.

SERVIDORES DA COHAB E COORDENADOR COMUNITÁRIO TAMBÉM CONDENADOS

João Hugo Barral de Miranda, presidente da Cohab, Maria Cláudia Zaidan Gonçalves, diretora da Cohab, e Maria Sônia da Costa Massoud, coordenadora do Cheque Moradia junto às comunidades, também tiveram seus diplomas cassados pelo tribunal, que confirmou a participação do trio no esquema de compra de votos através do benefício. 

RELEMBRE O CASO

O julgamento desta quinta foi uma continuação de um processo iniciado ainda em 2015. O julgamento foi interrompido após o pedido da Juíza Federal Said Daibes Pereira, que pediu para revisar o processo antes de tomar uma decisão sobre o caso. 

Os procuradores do MPPA entraram mais uma vez, em dezembro do ano passado, com o pedido de cassação de Simão Jatene e mais 47 candidatos que disputaram as eleições de 2014. Este é apenas o primeiro, de três pedidos de cassação de mandato contra o governador reeleito.

Além das irregularidades no Cheque Moradia, pesam contra Jatene as acusações de gastos excessivos com a Secretaria de Comunicação do governo estadual, e demissões no hospital Ophir Loyola dentro do período vedado por lei.

CASO SEMELHANTE NO RIO DE JANEIRO

No Rio de Janeiro, o ex-governador do estado, Anthony Garotinho, chegou a ser preso pela Polícia Federal, em novembro do ano passado, também sob acusação de comandar um esquema de compra de votos utilizando o benefício do Cheque Moradia, semelhante ao de Jatene, para a eleição de vereadores aliados, na cidade carioca de Campos dos Goytacazes.

De acordo com a Justiça Eleitoral, ele comandou uma “explosão” de inscrição de beneficiários no programa, com o objetivo de beneficiar até 34 candidatos, dos quais 11 foram eleitos.

De acordo com a Justiça, o número de inscritos no programa, que distribui R$ 200 por mês, subiu de 11 mil para 29 mil quando começou a campanha eleitoral. 

Reportagem: DOL

Deo Martins

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