Família reconhece vítima degolada por facção em vídeo em Parauapebas

 Família reconhece vítima degolada por facção em vídeo em Parauapebas

Seis homens do Corpo de Bombeiros de Parauapebas iniciam buscas no Rio Parauapebas, na tarde desta terça-feira (29), pelo corpo de Yardley Lima Martins Oliveira, o Dadá, de 19 anos, desaparecido desde o Natal, celebrado na última sexta-feira (25). Familiares dele o reconheceram em dois vídeos que circulam por grupos de WhatsApp.Em uma das gravações a vítima aparece viva, com as mãos amarradas para trás e sendo “entrevistada” por outra pessoa. Dadá assume pertencer a uma facção criminosa, mas afirma estar disposto a “rasgar a camisa”, ou seja, deixar a sigla, declarando que ela é “um lixo”. Ele confessa, ainda, que trabalhava vendendo droga para o grupo criminoso desde 2018. O responsável por gravar o vídeo e fazer as perguntas não identifica a qual grupo pertence.
O segundo vídeo já mostra o corpo de Yardley sem vida, às margens do Rio Parauapebas, não sendo possível identificar em que ponto da cidade. Nas imagens aparecem quatro homens e uma mulher que protagonizam cenas bárbaras.
Uma das pessoas bate diversas vezes com um pedaço de pau na cabeça da vítima, enquanto outros dois começam a decapitá-la com facas. A mulher e outro homem aparecem fazendo gesto do número três com os dedos.
No último domingo (27) a mãe de Yardley procurou a 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil e registrou boletim de ocorrência informando o desaparecimento do filho, visto pela última vez às 19h40 do dia 25, quando saiu de casa, no Bairro Liberdade, para dar uma volta na cidade. O bairro é mencionado no vídeo em que a vítima ainda está viva. Ela informou, ainda, que um colega de trabalho do pai de Yardley chegou a vê-lo na madrugada do dia seguinte, sábado (26), ainda no bairro.
A equipe de reportagem procurou a família de Yardley. O pai preferiu não gravar entrevista com receio dos assassinos, limitando-se a informar que o filho era uma boa pessoa e que gostava de ir à igreja.
Já o tio, que pediu para o nome não ser divulgado, relatou à Reportagem que o sobrinho saiu de casa para ir a uma festa e um colega até tentou levá-lo para casa, mas ele se recusou. Após o desaparecimento, quando a mãe procurou a delegacia, o vídeo no qual a vítima é degolada já estava circulando, mas inicialmente os familiares não fizeram o reconhecimento.
A gente teve acesso a ele e inicialmente não reconheceu, ela (mãe) estava muito nervosa. Depois a gente foi analisar o vídeo, tivemos que fazer isso, e a gente constatou que era ele. Até então só tinha o vídeo da execução, depois veio o vídeo dele falando e dá pra perceber perfeitamente que é ele”, conta o tio.
Conforme ele, Yardley sempre negou para os familiares integrar qualquer facção, mas havia a suspeita dentro de casa. “A gente perguntava ou tentava aconselhar e ele dizia que não tinha nada, mas de vez em quando a gente percebia. Brigava com ele, a mãe tentava de tudo para ele não participar disso, mas agora vimos o vídeo dele dizendo que tinha parte, ele fala a data da filiação”, observa.
O tio avalia a parte em que o sobrinho afirma querer deixar a facção. “Realmente ele não estava mais andando nisso, estava trabalhando, estava mais quieto, tinha casado e a mulher dele está grávida, mas infelizmente ocorreu isso”, finaliza.A Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso. As buscas pelo Corpo de Bombeiros foram iniciadas a partir do Bairro Nova Vida 2. Conforme o tenente Joselito, neste primeiro momento a procura será superficial, pois não se identificou ainda em que ponto do rio o vídeo foi gravado e provavelmente o corpo foi jogado.
Primeiro vamos fazer uma busca superficial em busca de vestígios da aparição do corpo, após localizar o ponto exato iniciaremos as buscas subaquáticas”, explicou.
Reportagem: Luciana Marschall – com informações de Ronaldo Modesto – Correio de Carajás

Deo Martins