Salão do Livro em Marabá já é considerada sucesso de público

 Salão do Livro em Marabá já é considerada sucesso de público

Foto: Folha do Bico

Foto: Folha do Bico

O público do I Salão do Livro do Sul e Sudeste do Pará, que segue até o próximo dia 6, no Carajás Centro de Convenções, tem superado as expectativas, segundo a Associação Nacional de Livrarias. O número de visitantes vem crescendo, especialmente pela presença constante de estudantes. No quarto dia, alunos das redes municipal e estadual de ensino deram início à programação na Arena das Artes com apresentações culturais. A Escola Estadual Heloisa de Castro, localizada no núcleo Cidade Nova, em Marabá, mostrou um espetáculo sobre as Danças Circulares, projeto desenvolvido pela professora Rosilene Barros.

Eu conheci e me apaixonei pela dança circular porque as pessoas se seguram umas nas outras. Na dança não existem diferenças sociais: não existe preto, branco, lavrador, índio, pobre, negro, sexualidade, isso me chamou muita atenção. Então, fiz uma mistura, a apresentação é uma aula de valores, trago isso para os alunos, instigo eles a serem críticos”, disse.

A estudante Deylane do Nascimento afirmou que para fazer a mostrar precisaram ensaiar muito e acredita que apresentaram um bom trabalho no palco. Ela agradeceu a oportunidade de não só visitar o Salão do Livro, mas de poder se apresentar no evento. “Estou adorando estar participando da programação, é um ótimo aprendizado. Convido todos vocês a visitarem”.

Já os estudantes da Escola José Alves de Carvalho apresentaram um espetáculo de capoeira. Segundo a professora responsável pelo projeto, o colégio valoriza muito essa arte, de origem africana miscigenada com a brasileira. Além disso, a instituição trabalha com outras danças afro como o maculele junto à regionalização das baianas e quilombolas.

Os estudantes também marcaram presença no Papo-Cabeça com apresentação do escritor Daniel Leite e intervenção musical do Mestre Zequinha, de Marabá. O tema da segunda-feira (30) foi “Preconceito Religioso” com o pesquisador da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Jerônimo da Silva. Ele esclareceu que o preconceito com as religiões afro no Brasil resulta de interpretações feitas pela Igreja Católica da bíblia.

Com esse preconceito fundador, eles vão justificar a escravização no Brasil. Os negros observaram que tudo que eles produziam de cultura era tido como demoníaco, porque eles eram uma ‘raça amaldiçoada por Deus’, e ai começa uma das histórias mais tristes dentro da história brasileira, quando as pessoas começam a dizer que as crenças africanas são demoníacas”, detalha o professor.

Ramon Cabral, que trabalha com educação patrimonial na Fundação Casa da Cultura de Marabá, não só gostou do debate como começou a refletir sobre essa importância de olhar a cultura do outro com mais respeito.

Essa palestra contribui bastante para desconstruir esse preconceito. Uma das colocações que mais me chamou atenção foi a de que Jesus é um pajé pela sua prática de cura desenvolvida durante sua vida, e isso faz a gente refletir. Se a gente observar em detalhes, as práticas dessas religiões, que são tão discriminadas pela gente, são semelhantes com a religião que a gente acredita, que a gente prega como verdadeira”, pontuou.

Neste feriado do Dia do Trabalhador (1) tem programação do Papo Cabeça com Celso Antunes, de São Paulo com a temática “Abrindo as portas para o futuro: aprender a aprender a relacionar-se e trabalhar”. Na quarta-feira (2), o bate-papo é com o escritor Antônio Juracy Siqueira. Ele vai falar sobre “Crendice Popular”. Na quinta-feira (3), é a vez de Walmir Gomes, do Instituto do Ensino Êxito trabalhar o tema “Perfil do jovem contemporâneo”. A sexta-feira (4) terá a jornalista Ana Lacerda, da Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Marabá. Ela vai falar sobre a imagem e reputação nas redes sociais. O Papo Cabeça começa às15h, sempre no auditório João Brasil.

A programação da Arena das Artes, também no auditório João Brasil, inicia às 9h da manhã. Na quarta, quinta e sexta-feira, o espaço terá apresentação da Orquestra da Fundação Casa da Cultura de Marabá e de escolas das redes estadual e municipal de ensino.

Reportagem: Kelia Santos – Agência Pará

Deo Martins

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